Incubus (If Not Now, When?)
Por Bruno Eduardo
O Incubus é meio que uma mistura de Tribais e Rosas. É uma das poucas bandas da atualidade que consegue remar entre o rock voraz e a sutileza de baladas sem soar cafajeste. A qualidade individual do quinteto ajuda, mas o talento de seu vocalista é o tal fermento do bolo. Brandon Boyd é daqueles frontmen que carrega a tietagem peculiar dos anos 70, que canta divinamente bem, mas que também transforma o som da banda numa faca-de-dois-gumes. Explicarei à frente.
No final da década de 90, o Incubus surgiu naquela leva de bandas que tentavam dar um novo rumo ao rock pesado. Mantinham afinação baixa, abusavam dos efeitos, mas era nítida uma maior musicalidade quando comparados a gangue dos “New-Metal”. Na verdade, não era um erro total colocá-los nessa mesma prateleira, mas era um incômodo.
Com um timbre de voz que soava quase que um plágio de Mike Patton, os discos S.C.I.E.N.S.E. e Make Yourself tornaram-se essenciais para quem procurava novidades no estilo, e consolidavam o Incubus como uma das bandas mais legais do início da década passada. Passando pelo comercial Morning View e pelo quase progressivo A Crow Left Of The Murder, o Incubus deu o seu último suspiro de criação, no irregular Light Grenades. Mesmo assim, a banda mostrava-se especialista em cima dos palcos, e passou a ostentar o status de banda grande.
Pois bem. Após 04 anos sem gravar material inédito, lá vem o Incubus e seus tribais e rosas.
Vem? Não. Adeus aos tribais. Com nítida influência de seu vocalista, “If Not Now, When?” despreza toda e qualquer tentativa de ser um disco de rock como Incubus. Quando falamos de ser ou não ser rock, andamos numa via perigosa. Afinal, o que seria um disco de rock? Então, vamos partir do princípio do rock proposto pelo Incubus. E não, não há aqui nesse novo disco, a proposta de rock, que o quinteto assina.
Inegável a qualidade do trabalho. Músicas como a faixa-título e “Promisses”, são de um bom gosto e musicalidade incontestável, mas seriam baladas que completariam qualquer trabalho da discografia do grupo. Que essa afirmação anterior não soe como negativa às composições citadas, mas sim como um alerta para: OK, mas e o resto?
O resto vem desenhado com pincéis de cores nubladas, tal como sugere a capa.
Capitaneados pelo único resquício de rock, “Adolescents” surgere algo meio retrô, mas que não isenta a tentativa de ser “moderninha”. Garantindo um resultado satisfatório para uma expectativa mediana.