BAD RELIGION - Rio de Janeiro

12-11-2011 11:55

 

Por Bruno Eduardo
Fotos: Adriana Vieira 


Sempre discordei da ideia de que as bandas veteranas tenham obrigatoriamente que se aposentar apenas por serem “veteranas”. Acho sim, ridículas as reuniões para registros sofríveis, ou caça-niqueis baratos. A manutenção de uma marca, apenas por grana, é algo que não me agrada. Mas o Bad Religion tem gás para dar e vender.

Os trinta anos de estrada deixaram o grupo com fôlego dosado, mas não desbotaram o jeans punk. Punk? Ao ouvir “Generator” quase que à capela no seu início, algo quase pop, ou testemunhar um solo de guitarra bem tramado em “The Defense”, pensamos: que espécie de punk é esse? Se o Bad Religion é punk, certamente eles são uma evolução do segmento - nem tão anarquistas quanto o Sex Pistols, nem tão revolucionários quanto o Ramones.

A chuva deu uma apertada hora antes da abertura dos portões mas não espantou o bom público que encheu (mas não lotou) a Fundição Progresso. Camisas de bandas clássicas, principalmente do punk rock "raiz", foram o uniforme trajado para esse “encontro” na Lapa. O riff pegajoso de “The Resist Stence” (do último disco, The Dissent Of Man) deu a chamada inicial. Para quem não é muito fã da qualidade acústica do local, uma grata surpresa: o som estava bom.
 
Embora cinqüentões, os caras esbanjam energia e simpatia. A interação de público-banda foi sentida logo no ínicio, com a execução de "21st Century (Digital Boy)", lançada no disco Against the Grain, de 1989. O grupo fez questão de lembrar que a aposentadoria está chegando, mas isso não fez a peteca cair. De forma alguma. Durante toda a apresentação, eles demonstraram muita alegria e carinho com os fãs. Sempre muito comunicativos e agitados.E o que dizer de Greg Graffin? O cara quebra qualquer barreira entre artista/público. Ele mostra que essa história de “faniquito rock star” não está com nada. Em “Let Them Eat War”, por exemplo, ele passa o microfone para um fã, deixando o rapaz completamente à vontade. Tanto, que teve de ser gentilmente “convidado a se retirar”, pela equipe técnica.

Com um set list feroz, mas incompleto – deixaram de fora clássicos como “A Walk” -, o grupo promoveu uma verdadeira ode às rodas punk. A galera presente agitou em todas as músicas (sem exceções), e pessoas rolavam de mãos em mãos até bater na parede de seguranças em frente ao palco.

Para o bis, atacaram de “American Jesus” - cantado em uníssono - , “Infected”, e fecharam de forma menos enérgica com “Sorrow” - que inclusive, teve o seu fim numa espécie de jam/improviso, com apenas tres integrantes. Se os gritos de “Punk Rock Song” não foram atendidos, pelo menos o apetite dos "punks" foi saciado. Embora, eu tenha achado o set curto (impressão?).

No fim, cheguei à conclusão de que um bom “show” de rock parte de um princípio básico: diversão. Não adianta ter tanta técnica se lhe falta coração. Não adianta ter coração, se lhe falta honestidade. E o Bad Religion - embora esteja mais para lá do que para cá - foi diversão garantida. As camisetas suadas do público, na saída, comprovaram.

 

A salvação do rock não está na multiplicação dos elementos musicais, e sim, em haver mais bandas como o Bad Religion em cima de um palco.


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