PEARL JAM - Apoteose (RJ)

Por Bruno Eduardo
Fotos: Adriana Vieira 


O Pearl Jam é a única banda que sobreviveu ao tempo, desde que o grunge chegou de forma avassaladora há duas décadas. Como "única banda", significa que, de todos os grandes expoentes da cena, só eles resistiram ao acaso sem nunca terem parado para abastecer energia. Fica muito evidente em um show de quase três horas de duração que a parada aqui não é estritamente comercial. Rola um feeling. Uma energia juvenil ainda ronda o stage dos caras. Pelo menos, essa foi a sensação que o quinteto passou para o público presente na Apoteose.

Revendo a história do grupo – o documentário Twenty acaba de ser lançado para venda -, nota-se que o tempo fez muito bem à banda. Se Eddie Vedder não tem mais idade para ficar se pendurando em estruturas de palco e os mosh-pit ficaram para a história, ele mantém uma maturidade digna de um ídolo que envelheceu junto com o seu público. Vedder é um ícone de uma geração que ficou marcada pela rapidez em alcançar o ápice, e na mesma intensidade chegar à decadência (vide as mortes de Kurt Cobain e Layne Staley). Tudo bem, Kurt Cobain imortalizou de vez o grunge, mas sobrou para o Pearl Jam, a tarefa de continuar encarnando o espírito para uma legião de órfãos. Assim como torcedores de times de futebol, os fãs iam chegando ao local devidamente uniformizados. Blusas de flanela xadrez e as tradicionais estampas do grupo dominavam mais da metade dos presentes. Mais uma vez, o Pearl Jam arrebatou um público de aproximadamente 40 mil pessoas - o que num domingo à noite é excepcional.

Com um repertório de 30 músicas (a banda chegou a ensaiar duzentas para a turnê), eles mantiveram o tradicional costume de nunca repetir os set lists. A jogada para o show do Rio funcionou bem. Iniciando com "Last Exit", do álbum Vitalogy, de 1994, o grupo demonstrava que a seqüência de shows não tinha afetado em nada a disposição deles. Passando pelas clássicas "Gorduroy" e "Given To Fly", o grupo chegou ao primeiro ápice da noite na épica execução de "Even Flow". Sua grande prova da vitalidade é que o show dos caras parece um filme clássico, de que você eventualmente se dá conta de que aquilo existe há mais de vinte anos. Hits mais recentes, como "The Fixer", retratam que o som permanece na mesma qualidade, talvez em menor proporção midiática. Os fãs de carteirinha se descabelaram com presença de músicas como "Why Go" e "Immortality". Embora a banda tenha ignorado um enorme cartaz em frente ao palco que pedia "Oceans", o resto, a nata, o supra-sumo desfilou pela praça da Apoteose, num conjunto digno de nota 10. 

Numa tentativa simpática de se comunicar em português com o público, Vedder teve alguma dificuldade em ler uma carta, tributando em seguida, Johnny Ramone, em uma cover de "I Believe in Miracles". Se tudo corria de forma magistral, um final apoteótico estava reservado. Numa sequência arrasadora, o grupo mandou o clássico de Yield, "Do The Evolution" - em versão selvagem -, "Jeremy", que ficou de fora dos outros shows no Brasil, e a espetacular versão de "Mother", clássico do Pink Floyd. Os telões, que exibiam o show todo em preto e branco, voltaram às cores no início das sessões de bis. Porque o Pearl Jam não dá um bis. Os caras fazem sets individuais para cada volta ao palco (não é aquela volta forçada para atender fãs chatos).

Embora manjada, foi impossível não se emocionar na versão fidelíssima de "Black", quando balões de cor preta circulavam pelos ares. Com a banda redondinha, vale destacar o subestimado guitarrista Mike McCready, que alternou solos e improvisos rítmicos dignos de nomes consagrados. Como não poderiam faltar, "Alive" - de forma alongada, e a já adotada "Rockin’ in the Free World", de Neil Young, rechearam o bolo de forma impecável. No fim, "Yellow Ledbetter" - que foi composta na época de Ten, mas acabou ficando de fora do disco e relançada mais tarde - deu o ponto final à uma verdadeira retrospectiva "on stage".

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